Direito falhou a quarta
JOSÉ RODRIGUES
O Direito não consegui bater a formação homóloga espanhola, o U.E. Santboina, na 31.ª edição da Taça Ibérica e, assim, consolidar a hegemonia lusa no râguebi peninsular.
Em campo, os “advogados” foram a equipa que mostrou, poucas vezes, alguma qualidade na prática da modalidade, mas faltou-lhe claramente ser uma equipa, tendo estado em campo duas metades distintas – uma "imitadora" da selecção, com elevada capacidade competitiva (mas a revelar algum cansaço) e outra limitada à competição interna e, por conseguinte, com pouco ritmo.
Já do lado dos espanhóis, o râguebi exibido é quase “jurássico”, assentando quase exclusivamente no poderio do bloco avançado – de facto muito forte e experiente – para fazer progredir a equipa e o marcador.
E se na primeira parte, a partida se desenrolou sob grande equilíbrio, embora com alguma vantagem dos catalães, já o tempo complementar mostrou-se fatal para o “quinze” de Monsanto. Sem que houvesse ligação entre avançados e três-quartos e ainda com dois jogadores nitidamente abaixo das necessidades – abertura e primeiro centro –, os “advogados” ainda ofereceram um brinde aos adversários. A meio do segundo tempo e quando saía para o ataque, Caetano Nunes permitiu uma intercepção do ponta rival que, sem hesitar e sem adversário pelo frente, correu até ao ensaio.
Era a desilusão numa exibição já de si sofrida e que, com o passar do tempo, se complicaria, sobretudo já sob o termo, com as duas exclusões temporárias, reduzindo o Direito a 13 unidades e uma missão impossível – dar a volta ao marcador e conquistar a quarta Taça Ibérica.
Juiz corajoso
O árbitro francês Laurent Vallant esteve bem, foi disciplinador e pedagogo, tudo fazendo para que o jogo decorresse sem incidentes, o que em boa verdade aconteceu.
Sempre muito firme, mas sem ser autoritário, o juiz evitou mostrar o cartão amarelo, mas acabaria por ter de o fazer por quatro ocasiões, três ao Direito (Miguel Leal, Pedro Carvalho e Rui D’Orey) e uma aos espanhóis.
No entanto, onde o gaulês surpreendeu foi quando se interpôs entre jogadores desavindos, situação que evitam, até mesmo por questões de segurança. Mas Vallant foi mesmo valente e, de forma determinada, por duas vezes evitou cenas de pugilato entre jogadores.
Ficha de jogo
Local | Estádio Universitário de Lisboa
Árbitro| Laurent Vallant (francês)
Direito 16 (6)
Pedro Leal (3,3,5,2,3); Miguel Portela, João Diogo Mota, Miguel Leal (André Tojal) e Pedro Carvalho; Frederico Nunes e José Pinto; Vasco Uva (capitão), Salvador Palha e Diogo Coutinho; Eduardo Acosta e Rui D’Orey; Bernardo Mota, João Correia (Gonçalo Alpoim) e Jorge Segurado.
Treinador| Daniel Hourcade
U.E. Santboiana 22 (6)
Victor Marlet (José Luís Diaz); Oriol Garcia, Ivan Reseter (Iñaki Campillo), Marc Ventura (capitão) (Iñaki del Portillo) e Gonçalo Vicente (5); Alfons Martinez e Santiago Serrano (3,3,2,3,3,3); Sergi Guerrero, Frederico Alcon e Pol Massoni; Scott Keith e Vicens Lazaro; Xavier Corbacho, Ricardo Martineta e Miguel del Toro.
Treinador| Pablo Tomaz
OS TÉCNICOS
Daniel Hourcade
Treinador de Direito
"Nós é que perdemos"
"Estou triste porque fomos nós que perdemos, mais do que eles ganharam e isso mostra bem o que se passou. Isto sem falta de respeito pela vitória e trabalho do Santboiana. Mas Direito foi o grande rival de Direito, marcámos os nossos pontos e os deles com os erros cometidos. Criámos boas situações mas acabámos ou a perder a bola ou a cometer falta e não estivemos nada bem na ligação avançados/três-quartos".
Tomaz Morais
seleccionador nacional
"Foi uma pena"
“Foi uma pena o Direito não ter ganho, pena que não tivesse jogado à Direito, ter sido uma equipa mais dinâmica e o jogo seria outro, tal como o resultado que, com naturalidade seria uma vitória porque os espanhóis foram muito estáticos. De qualquer forma, eles tiveram muita atitude e lutaram até ao fim, uma característica da nossa selecção. É uma equipa jovem e com boa margem de progressão."
in "O Jogo"